A música sertaneja
existe no Brasil há mais de um século. Além de revelar artistas e dar destaque
para alguns locais antes desconhecidos, ela, também, retrata a vida nas cidades
do interior.
De lá pra cá, a moda
de viola caipira mudou muito; misturou estilos, ditou moda, virou música
romântica e, atualmente, é sinônimo de balada e ferveção.
O fenômeno sertanejo
universitário virou uma febre e conquistou não só o público jovem como, também,
as antigas gerações. Veja por que este novo estilo virou moda e se tornou a
cara do Brasil!
As raízes
Sertanejo é como são conhecidos os locais afastados dos grandes centros urbanos. O verbete era mais usado para denominar o povo que vivia em regiões do Nordeste, na caatinga e sob o domínio dos coronéis. Caipiras eram aqueles do cerrado, que moravam em regiões do interior de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins. A conexão entre estas regiões se deu através da música, já que era comum, nos encontros e festas familiares, as rodas de viola caipira cantadas por duplas ou em solo.
Sertanejo é como são conhecidos os locais afastados dos grandes centros urbanos. O verbete era mais usado para denominar o povo que vivia em regiões do Nordeste, na caatinga e sob o domínio dos coronéis. Caipiras eram aqueles do cerrado, que moravam em regiões do interior de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins. A conexão entre estas regiões se deu através da música, já que era comum, nos encontros e festas familiares, as rodas de viola caipira cantadas por duplas ou em solo.
O primeiro registro de música sertaneja no Brasil é de 1910, mas as
primeiras gravações só ocorreram em 1929, com o jornalista e escritor Cornélio
Pires. Ele foi um dos iniciantes no estudo da cultura popular. A música que
falava da vida no campo e das paisagens do interior ficou conhecida como música
sertaneja de raíz. Ela ganhou destaque nas autorias de Cornélio e compositores
como Ariovaldo Pires e João Pacífico e nas vozes de duplas como Tonico e Tinoco
e Alvarenga e Ranchinho.
Já por volta dos anos
40 e 50, algumas das duplas como Irmãos Galvão, Cascatinha e Inhana, Sulino e
Marrueiro e Pena Branca e Xavantinho começaram a mudar a temática das letras e
incorporar outros sons como o samba, coco e calango de roda, além da viola no
estilo dos mariachi mexicanos e a polca paraguaia. Nessa época surgiu também um
clássico da música de raiz: Rio de Piracicaba, dos reis do pagode Tião Carrero
e Pardinho. Pagode, naquela época, era o nome dos bailes em Minas Gerais, Tião
foi o criador do estilo conhecido como pagode sertanejo.
Nas décadas de 60 e
70 houve a primeira participação de jovens artistas como a dupla Léo Canhoto e Robertinho,
Sérgio Reis, que era da Jovem Guarda e Renato Teixeira. Os temas já eram mais urbanos
e alguns já expressavam as dores de amor, como "Coração de papel", o
primeiro grande sucesso de Serjão gravado em 1967.
Anos 80: duplas
populares, rodeios e a música sertaneja na TV e nas rádios
Embalados pelo sucesso de Sérgio Reis, alguns artistas surgiram com uma tendência mais romântica e outras mudanças fundamentais para tornar a música sertaneja mais popular. Com influências country, a tradicional viola foi substituída pela guitarra e o visual passou a ser constituído por calças jeans, camisas mais despojadas e cortes de cabelo modernos.
Embalados pelo sucesso de Sérgio Reis, alguns artistas surgiram com uma tendência mais romântica e outras mudanças fundamentais para tornar a música sertaneja mais popular. Com influências country, a tradicional viola foi substituída pela guitarra e o visual passou a ser constituído por calças jeans, camisas mais despojadas e cortes de cabelo modernos.
No final dos anos 70
artistas como Trio Parada Dura, Chitãozinho e Xororó, Chico Rei e Paraná e João
Mineiro e Marciano, emplacaram muitos sucessos como "As andorinhas",
"Telefone mudo", "Fio de cabelo", "Ainda ontem chorei
de saudade", "Canarinho prisioneiro" e inúmeros outros. Essas
duplas tocavam muito nos comícios, circos, festas populares e feiras
agropecuárias.
O sucesso nas rádios AM das pequenas cidades abriu o caminho para que o
sertanejo passasse a ser tocado também nas FMs e, consequentemente, fossem para
os programas da TV, como Barros de Aguiar e Bolinha. Seguindo esse caminho é
que vieram as duplas que explodiram e consagraram o sertanejo romântico como um
estilo popular durante os anos 80 e 90, como Chrystian & Ralf, João Paulo e
Daniel, Rick e Renner, Gian e Giovani, Leandro e Leonardo e Zezé Di Camargo e
Luciano. Também faziam parte desta lista cantores solos. como Donizetti, Nalva
de Aguiar e Sula Miranda.
"Pense em
mim", "Entre tapas e beijos", "É o amor",
"Caminhoneiro do amor", "Evidências" e "Estou
apaixonado" consagraram os artistas e compositores que também passaram a
lucrar bastante com os sucessos de vendas e com as músicas tocadas em todos os
cantos do Brasil.
Por outro lado,
artistas como Renato Teixeira e Almir Sater defenderam (e continuam) a música
de viola tradicional como o verdadeiro sertanejo. Isto ainda é seguido por
muitos outros artistas, que frequentemente se apresentam no programa
"Viola, minha viola" apresentado por Inezita Barroso - uma
folclorista apaixonada pela cultura popular e responsável por dar voz ao
clássico "Marvada pinga".
Anos 2000 e o
sertanejo universitário
O uso conjunto do termo universitário aos estilos musicais começou no meio dos anos 90. Algumas faculdades, especialmente em São Paulo, contratavam bandas de forró tradicional, chamadas pé-de-serra, para animar as festas, e por causa disso, surgiu o forró universitário, que revelou bandas como o Falamansa.
O uso conjunto do termo universitário aos estilos musicais começou no meio dos anos 90. Algumas faculdades, especialmente em São Paulo, contratavam bandas de forró tradicional, chamadas pé-de-serra, para animar as festas, e por causa disso, surgiu o forró universitário, que revelou bandas como o Falamansa.
A indústria
fonográfica, para vencer a guerra contra a pirataria, resolveu ir nesse embalo
e lançar um sertanejo com uma cara mais pop e artistas mais jovens do que as
duplas, que, a essa altura, ou já tinham se separado por causa da morte de
integrantes ou já acumulavam mais de 15 anos de estrada e não vendiam como
antes.
Mesmo sem ainda ter a
denominação de "universitário", duplas vindas de Goiás, Mato Grosso e
outras diversas outras regiões do país despontaram para o sucesso. Entre elas,
Guilherme e Santiago, Bruno e Marrone, Edson e Hudson, Cesar Menotti e Fabiano
e Victor e Léo.
Além de vender muito,
tocar nas rádios, acumular inúmeros hits, passaram a investir em videoclipes, a
fazer gravação de DVDs com cara de superprodução e a tornar o sertanejo
presença quase obrigatória nas trilhas sonoras de novelas. Contribuindo também
para transformar os rodeios em festas gigantescas, dividindo o palco com artistas
de outros estilos, como Ivete Sangalo, Claudia Leite, bandas de pagode e
atrações internacionais.
Toda essa
participação massiva, a pegada mais pop, além dos perfis nas redes sociais, fez
com que o público se renovasse. Os mais velhos demoraram a se convencer do
sucesso dos novos artistas, mas os jovens lotavam arenas, estádios e casas de
shows atrás das músicas que incentivavam a ficada, bebedeira e curtição. Além
disso, esses artistas ditaram moda no estilo de vestir, nos cabelos arrepiados
e numa série de produtos que ajudaram a vender sendo garotos-propaganda.
A segunda fase do
sertanejo universitário começou no final dos anos 2000. Duplas como João Bosco
e Vinícius e Jorge e Mateus começaram a colocar novos elementos na música
usando desde o violino à música eletrônica e ritmos populares como funk,
arrocha e pagode.
Sorocaba, da dupla Fernando e Sorocaba é um dos principais compositores
dessa nova geração. Ele é o responsável por um dos hits mais tocados de 2009:
"Meteoro" do artista fenômeno Luan Santana. Além de sucessos próprios
como "Bala de prata" e "Paga pau".
Um outro que levou o sertanejo para o mundo inteiro foi Michel Teló, com músicas "Fugidinha" e "Ei, psiu! Beijo me liga", que renderam uma indicação ao Grammy Latino e "Ai se eu te pego", que tocou em tudo que é lugar do planeta e dominou as paradas.
Um outro que levou o sertanejo para o mundo inteiro foi Michel Teló, com músicas "Fugidinha" e "Ei, psiu! Beijo me liga", que renderam uma indicação ao Grammy Latino e "Ai se eu te pego", que tocou em tudo que é lugar do planeta e dominou as paradas.
Outros exemplos dessa
febre são as duplas João Neto e Frederico (do "Lê lê lê ), João Lucas e
Marcelo (do " Eu quero tchu, eu quero tcha ") e Munhoz e Mariano (do
"Camaro amarelo "). Entre outras tantas, essa nova geração é composta
também por duplas mistas como Thaeme e Tiago e Maria Cecília e Rodolfo e
cantores solos como Gusttavo Lima, Cristiano Araújo e Thiago Brava.
Por que é a cara do
Brasil?
O sertanejo universitário conquistou o público pelo seu poder de identificação, como diz o ex-assessor de imprensa da Sony Music, Filipe Aoki, "O sertanejo universitário soube aproveitar, como nenhum outro estilo, o segmento de balada. Afinal, todo jovem gosta de sair à noite e curtir. Ele soube falar a linguagem desse público, inclusive, colocando nas letras o que a galera está querendo. Por isso tudo, rolou uma identificação imediata e, consequentemente, uma explosão no segmento".
O sertanejo universitário conquistou o público pelo seu poder de identificação, como diz o ex-assessor de imprensa da Sony Music, Filipe Aoki, "O sertanejo universitário soube aproveitar, como nenhum outro estilo, o segmento de balada. Afinal, todo jovem gosta de sair à noite e curtir. Ele soube falar a linguagem desse público, inclusive, colocando nas letras o que a galera está querendo. Por isso tudo, rolou uma identificação imediata e, consequentemente, uma explosão no segmento".
De acordo com ele, um
dos triunfos, também, foi saber incorporar outros estilos dentro do sertanejo:
"Isso proporcionou uma maior aceitação de públicos que antes não se
identificavam com o gênero. E uma coisa que tem que se deixar bem clara é que,
apesar do nome ser sertanejo universitário, ele é um estilo completamente novo
e independente, ou seja, não compete pelo mesmo espaço do sertanejo romântico,
que atinge um público diferente. Muito por conta disso, eu acho muito válida e
bem vinda a expansão do universitário porque cria um novo mercado, novos
consumidores, novos empregos, sem canibalizar nenhum segmento. O sertanejo
universitário hoje, no Brasil, já é trainee e pronto pra ser CEO (Chefe
Executivo Organizacional de uma coorporação)".